domingo, 3 de julho de 2011

Comentário: Itamar, trajetória e ética - Por Samuel Celestino

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Itamar Franco deixou uma grande marca na história política do Brasil. Valente, de posições políticas definidas, ético e de fácil relacionamento, embora intempestivo, chegou à Presidência em razão dos desatinos de Fernando Collor de Mello. Nos dois anos em que permaneceu no poder,  conduziu a República com correção num momento extremamente difícil para o País, imerso então numa crise que envolvia não somente a ausência da ética, mas, também, uma corrupção institucional. Itamar recuperou a auto-estima dos brasileiros e permitiu espaço político para a implantação do Plano Real, que viria debelar a inflação. Político de autoridade moral inquestionável, ainda recentemente demonstrou esta qualidade num debate no Senado. Itamar Franco deixa uma marca indelével na vida pública, e um exemplo de seriedade, no que pese ter, também, uma faceta polêmica que o fazia tomar posições supreendentes. Homem de gestos afirmativos impôs ao então todo poderoso governador da Bahia à época do seu mandato de presidente, Antônio Carlos Magalhães, uma situação constrangedora. Deu-se que o atual deputado Jutahy Magalhães era seu ministro e adversário de ACM. Bem ao seu estilo, o governador divulgou na imprensa nacional que tinha em mãos um dossiê que provaria que o ministro era corrupto. Franco fez silêncio, enquanto o governador continuava a sua cruzada contra o seu governo. O presidente, então, pela imprensa, disse que receberia Antônio Carlos para que ele pudesse expor o seu alardeado dossiê. O País aguardou o que aconteceria, a partir daí. O governador baiano chegou a Brasília triunfal e se dirigiu ao Palácio do Planalto para a audiência marcada e anunciada. Conduzido à sala do presidente, ao entrar, encontrou-o cercado de jornalistas. Absolutamente tranqüilo enquanto o governador, surpreendido, tentava reagir. Itamar disse-lhe que nada tinha a esconder à República e o autorizou a abrir o seu dossiê contra Jutahy para que os jornalistas e o Brasil conhecessem o conteúdo. Não havia dossiê. Era blefe. Assim, com posturas claras, sem subterfúgio, o ex-presidente se impôs como um governante que era exatamente o oposto de Collor. Quando assumiu a Presidência, ele já havia rompido com o alagoano e não falava com ele, distanciando-se do governo. Embora político por Minas, Itamar nasceu a bordo de um navio. Órfão de pai que morrera meses antes, sua mãe o registrou em Salvador, porque uma parte da sua família aqui residia. Posteriormente, mudou-se para Juiz de Fora, onde Itamar foi criado, se fez político, prefeito e senador. Tinha, portanto, um vínculo forte com a Bahia.

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